Começamos há anos e vidas atrás a sonhar e a escrever este livro sem o saber 
pedimos desculpa pelos danos causados...
Vou falar deles, daqueles a quem o nosso governo mandou uma nota para cada escola que começava “: pedimos desculpa pelos danos causados”….se ao menos os senhores do poder soubessem a quantidade de danos que estão a infligir a crianças e jovens cujo futuro fica seriamente comprometido ,
muitos e muitos deles serão atirados para a marginalidade e são tantas as margens desta marginalidade que lhes rouba a vida ,a esperança ,a hipótese de sonhar ,a hipótese de um trabalho digno ,a hipótese de pensarem por si e em si…um poeta que morreu ás mãos da ditadura comunista ,num campo de reeducação social ,escrevia que” o pior exílio é o exílio da casa do ser”,ora é desta separação forçada de um homem ,uma mulher ,um jovem ,uma criança com o sonho ,o seu sonho, o desejo de ser ,que vos quero chamar a atenção .
O sol quando nasce não é para todos ,nunca foi ,mas através do nosso trabalho junto destes jovens e crianças ,suas famílias , seus professores ,conseguimos tantas vezes inventar uma ideia de sol ,faze-los acreditar que neles próprios existiam sois ,tesouros por descobrir e esperanças escondidas .
Vou falar deles ,dos que nasceram sem casa e cresceram nas ruas de bairros degradados e degradantes ,dos que comem apenas uma vez por dia, quando há escola ,e dizem que o leite é castanho (o único que bebem é o leite com chocolate da escola),daqueles que foram abusados pelo alcoolismo dos pais ,pela droga que sempre os espera em cada esquina .
Vou falar deles ,dos que dormem com pais sero-positivos, dos que crescem sozinhos pq os pais tem 3 empregos por dia,dos que habitam T1em que vivem 12 pessoas entre as quais parentes próximos com várias tentativas de suicídio.
Vou falar deles , dos que carregam ás costas cruzes de dor calada ,dos que travam guerras reais em jogos de computador ,dos que são rotulados ,dos que dão a vida pela honra do seu gang contra o gang do bairro vizinho. E que mesmo assim com o nosso apoio conseguiam vencer barreiras de destino e medo ,asaltaram fronteiras de preconceitos e realidades onde o imaginário nunca entrou .
A estes todos ,mais os outros que não nos deixaram encontrar no presente e no futuro dedico esta crónica de raiva e impotência.
A Lapsis estabeleceu um Protocolo de Colaboração com a